Resumo:
O Litoral Sul da Bahia, mais especificamente a faixa compreendida entre os rios Jequitinhonha e Contas, conserva a parcela mais significativa do bioma Mata Atlântica brasileira. Apesar da riqueza dos recursos naturais dessa região, a ameaça à existência dos remanescentes florestais e conseqüentemente da biodiversidade é sempre presente. Unidades de Conservação têm sido criadas como mais uma estratégia de conservação da região, a mais recente é o Parque Estadual da Serra do Conduru. Um planejamento e gestão territorial são grandes desafios dos diferentes segmentos da sociedade, principalmente em relação à qualidade ambiental, neste sentido, considera-se a determinação das variáveis do meio físico, o primeiro e imprescindível passo para qualquer ação de planejamento. Este trabalho teve por objetivo o planejamento do uso da terra na zona tampão do Parque Estadual da Serra do Conduru, no litoral Sul da Bahia e para isso foi subdividido em quatro etapas: na primeira foi proposto um novo modelo para delimitação de zonas tampão; na segunda foi caracterizado o meio físico dando ênfase à caracterização e levantamento pedológico; na terceira realizou-se um estudo do uso da terra em diferentes anos, 1974 e 2001; e por último aplicou- se a metodologia do RADAMBRASIL para classificação dos recursos naturais renováveis segundo a capacidade de uso. Como resultados obteve-se um mapa da zona tampão baseado em sub-bacias hidrográfico, aproveitando a flexibilidade da nova lei de unidades de conservação.Identificou-se também um predomínio de solos pertencente às classes texturais Franco-arenosa e Areia nesta região. De forma geral, os solos classificados possuem baixa capacidade de troca de cátions, baixa saturação por bases e acidez potencial e saturação de alumínio variando em níveis médios e altos, exceto o solo RUbe. No mapa de solo elaborado verificou-se um predomínio dos solos LVAdfc e LVAd. Como resultados do estudo do uso da terra em deferentes anos, constatou-se que as áreas de mata diminuíram aproximadamente 18% na zona tampão do Parque Estadual da Serra do Conduru, sendo que, a maior parte das áreas de mata derrubada foi transformada em pastagens. Observou-se também que as mudanças mais significativas do uso da terra ocorreram na região litorânea da área de estudo, devido à exploração imobiliária. O estudo do planejamento do uso da terra, e determinação das áreas de preservação permanente, mostrou que os produtores da zona tampão do Parque Estadual da Serra do Conduru têm utilizado seus solos dentro da capacidade de uso. Identificou-se também que 52% da área da zona tampão deve destina-se a áreas de preservação permanente a pesar de 87% desta mesma área serem classificadas como adequadas para utilização com culturas temporárias e/ou perenes.