Resumo:
O meio rural, mais do que outros espaços da sociedade, ainda é um desafio para as mulheres, não somente no aspecto produtivo, mas na luta pela igualdade de gênero e na erradicação do machismo enraizado em suas instituições. A desigualdade limita as contribuições das mulheres no âmbito da produção e, também, da comercialização, comprometendo a geração de renda da família. Reduzir as desigualdades de gênero significa reconhecer que homens e mulheres têm igual valor, embora possuam necessidades específicas. Fortalecer as mulheres é fundamental para que possamos alcançar a sociedade justa, próspera e sustentável.
As mulheres têm tido, na atualidade, protagonismo nas lutas que hoje são travadas – a nível global e local – em defesa do meio ambiente e do direito à terra como forma de reconquistar a sua autonomia reprodutiva, bem como a construção ativa de modos de vida alternativos. Mas para além de cultivar, as mulheres ainda precisam vencer barreiras para ocuparem os espaços de gestão e de comercialização. Circular livremente, sem autorização do marido, pai ou outro homem continua a ser um grande desafio e mostra como a esfera da cultura e dos costumes interfere no desenvolvimento de suas capacidades. Para assumirem a gestão de espaços coletivos, como as associações, cooperativas, sindicatos, bancos de sementes comunitários, dentre outros, as mulheres precisam conquistar a liberdade de SER.
Práticas empreendedoras que resultam em geração de renda e melhoria das condições de vida necessitam, portanto, de lutas por novas formas de vida e reprodução, na qual as mulheres desempenhem um papel de reconhecimento como dentro da sua comunidade e da sua família.