Resumo:
As Cadernetas Agroecológicas foram criadas, a princípio, como instrumento de formação, pela equipe do Programa Mulheres e Agroecologia, do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), juntamente com as agricultoras da região. Devido à situação de submissão e de invisibilidade na qual elas viviam, decidiu-se criar a Caderneta para que essas mulheres pudessem registrar todo o seu trabalho no quintal e também a sua produção de artesanato e assim conseguissem visualizar o trabalho que realizavam diariamente. Desenvolvida de maneira coletiva, com o apoio de uma rede de organizações do campo agroecológico e feminista (do Norte, Nordeste, Sul e Sudeste), a Caderneta Agroecológica é um instrumento político-pedagógico que busca dar visibilidade ao debate de gênero no meio rural, contribuindo para o discussão feminista em relação às condições que as mulheres agricultoras se encontram. Além de mensurar e dar visibilidade ao trabalho dessas mulheres, a caderneta também fortalece a sua autonomia. Apresentada em formato simples, ela possui quatro colunas para organizar as informações sobre a produção. Ou seja, nela são registrados o que foi vendido, o que foi doado, o que foi trocado e o que foi consumido de tudo o que é cultivado nos quintais produtivos e/ou espaços de domínio das mulheres nas propriedades. Entre os principais objetivos da Caderneta, estão: ser um instrumento simplificado para a mensuração da produção das mulheres; sistematizar os resultados econômicos, monetários e não monetários, do trabalho das agricultoras familiares e camponesas; dar visibilidade à contribuição das agricultoras na manutenção da unidade produtiva, promovendo a agroecologia, a segurança alimentar e nutricional e a geração de renda.