Resumo:
O Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos, coordenado pela Diaconia, conta com apoio financeiro da Laudes Foundation, do Fundo Internacional para Desenvolvimento da Agricultura – FIDA por meio do Projeto AKSAAM/Universidade Federal de Viçosa (UFV)/Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável (IPPDS)/FUNARBE e da Inter-American Foundation (IAF). Essa iniciativa vem sendo implementada em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), Organizações da Sociedade Civil Organizada (ONGs) e os Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade Orgânica (OPACs) – Organizações de Base da Agricultura Familiar. O Projeto tem como foco principal o fortalecimento dos Sistemas Participativos de Garantia (SPGs), ligados aos OPACs na perspectiva de promover a produção com certificação orgânica participativa e uma economia inclusiva, circular e regenerativa, com justiça de gênero para melhoria da qualidade de vida das famílias agricultoras no semiárido do Nordeste do Brasil. A área de abrangência do Projeto na região semiárida no Nordeste do Brasil é em 7 territórios e 6 estados, envolvendo 1.349 famílias agricultoras. O Projeto atua em rede de parcerias desde 2018 na implementação de ações, com arranjo institucional de assessoramento técnico/ONGs em prol do fortalecimento dos OPACs/SPGs. Para tanto: a) Sertão do Pajeú – PE – Associação Agroecológica do Pajeú – PE - Diaconia; b) Sertão do Apodi – Associação de Certificação Orgânica do Sertão do Apodi-RN (ACOPASA) – ONG Diaconia; c) Sertão do Araripe – PE – Associação de Agricultores e Agricultoras do Território do Sertão do Araripe – PE (ECOARARIPE) – ONGs Chapada e Caatinga; d) Sertão do Cariri – PB – Associação Agroecológica de Certificação Participativa do Cariri – PB (ACEPAC) – ONG Arribaçã; e) Serra da Capivara – PI – Associação dos/as Produtores/as Agroecológicos/ as do Semiárido Piauiense (APASPI) – ONG Cáritas de São Raimundo Nonato (SRN); f) Alto Sertão Alagoano – AL – Associação de Certificação Orgânica Participativa Flor de Caraibeira - ONG Instituto Palmas; g) Alto Sertão Sergipano – SE – Associação de Certificação Orgânica Participativa de Agricultores e Agricultoras do Alto Sertão Sergipano (ACOPASE) - ONG CDJBC. O Projeto tem o desafio de contribuir para a construção de um modelo de negócio sustentável nas perspectivas ambientais, econômicas e sociais para as organizações de base da agricultura familiar – SPGs/OPACs. A ideia é impulsionar a economia circular a partir da geração de riqueza no campo, avançando na cadeia de valor dos produtos agrícolas com selo brasileiro orgânico para o mercado. O fortalecimento de um OPAC ligado a um SPG vivo e dinâmico é uma característica central do modelo apoiado pelo Projeto. O fortalecimento do processo de associação e cooperação entre agricultores e agricultoras familiares do semiárido para acessar mercados diferenciados gera diversos benefícios sociais e econômicos. A cooperação é um processo social fundamentado em relações associativas, pelo qual as pessoas buscam encontrar soluções para os seus problemas comuns de forma cooperada (THESING, 2015, p. 35). Esse processo tende a gerar uma economia inclusiva, circular e regenerativa, construindo um círculo virtuoso de ganhos econômicos, sociais e ambientais. O modelo1 de sustentabilidade do Projeto observa os seguintes princípios: 1) Relacionamento correto - a humanidade é parte da biosfera, as partes estão conectadas, o dano causado a uma das partes se reflete nas outras; 2) Visão holística da riqueza - é o bem-estar do conjunto, que deve ser alcançado por meio da harmonização de múltiplos tipos de riqueza ou capital, inclusive sociais, culturais, vivos e experiencial; 3) Inovação/ adaptação - a mudança está sempre presente, as qualidades de inovação e adaptabilidade são fundamentais para a saúde; 4) Participação - em um sistema interdependente, as partes devem se relacionar com o todo e negociando não apenas suas próprias necessidades; 5) Honrar a comunidade e a localidade – deve-se nutrir comunidades e regiões saudáveis e resilientes de acordo com a essência de sua geografia, história, cultura, ambiente local e necessidades humanas; 6) Intercâmbios - trabalhar a aprendizagem e o desenvolvimento contínuo provenientes da diversidade que existe é transformador tanto para as comunidades onde os intercâmbios estão acontecendo quanto para os indivíduos envolvidos; 7) Fluxo circulatório - a circulação do dinheiro, da informação, o uso eficiente e a reutilização de materiais são particularmente importantes para indivíduos, empresas e economias, e atingem o potencial esperado dentro do modelo regenerativo; 8) Equilíbrio - deve ser sempre buscado o equilíbrio entre a eficiência e resiliência, colaboração e competição, diversidade e coerência, pequenas, médias, grandes organizações e necessidades. O modelo de sustentabilidade da iniciativa do ‘algodão em consórcios agroecológicos’ tem se constituído em um conjunto de engrenagens que move vários desses aspectos. Para tanto, o documento abordará estudo de caso do avanço da cadeia de valor do algodão com certificação orgânica participativa: uma oportunidade para agricultura familiar no semiárido brasileiro. A experiência de descaroçamento da ACOPASE no semiárido sergipano do Nordeste do Brasil com acesso à mercado orgânico e comércio justo.