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https://bibliotecasemiaridos.ufv.br/jspui/handle/123456789/395
Título: | Caderneta agroecológica : o saber e o fazer das mulheres do campo, das florestas e das águas |
Autor(es): | Rody, Thalita Telles, Liliam |
Palavras-chave: | Agricultura Agricultura familiar Agroecologia Mulheres |
Data do documento: | 2021 |
Editor: | Editora Asa Pequena |
Citação: | RODY, T; TELLES, L. Caderneta agroecológica: o saber e o fazer das mulheres do campo, das florestas e das águas. Viçosa, Minas Gerais: Editora Asa Pequena, 2021. |
Resumo: | Dizem que uma mulher que lê é uma mulher perigosa. O que dizer, então, de mulheres que escrevem? E que escrevem não apenas textos, livros, mas a própria história? Não importa se essa história é escrita de forma tradicional, com palavras, frases, referências bibliográficas, ou se é escrita no dia a dia dos movimentos, por meio da organização, da criação conjunta, da reflexão e da ação para mudar situações vividas como injustas. Essas mu- lheres são realmente muito mais perigosas. Este livro versa sobre mulheres rurais que estão escrevendo uma outra história de suas vidas, a partir do que poderia ser visto como um singelo instrumento – as Cadernetas Agroecológicas – onde anotam a sua produção e o destino que é dado a ela, seja na forma de trocas com vizinhas, parentes e amigas, doações a pessoas em situação de vulnerabilidade, seja pelo uso na alimen- tação da própria casa, ou mesmo através da venda em diferentes mercados. Um caderno, uma caneta, o hábito de anotar. Colunas coloridas, fotos de produtos, quadrinhos para marcar... E o peri- go está instalado! E o que escrevem essas mulheres, através dessas Cadernetas? Em um primeiro momento, parece ser apenas um inventário do que é produzido, mas, na verdade, mostra-se algo muito mais po- deroso (e perigoso!). Porque com esses dados nas mãos, elas vão desmentindo muitas “falsas verdades” instaladas no imaginário social: “a produção das mulheres é pequena”; “elas só ajudam o homem da família”; “as mulheres não têm nada que ver com a gestão ambiental”; “elas só cuidam da família e do lar” (como se fosse pouco!); “elas se queixam de muito trabalho porque são preguiçosas”; “esse papo de violência é tudo mi-mi-mi”. E o efeito desses desmentidos é tremendo! Nem o Estado, as instituições que trabalham com o meio rural, a sociedade em ge- ral, nem as famílias, e, às vezes, nem mesmo as próprias mulheres pensavam que o resultado do seu trabalho fosse tão significativo. Transformadas em valores, em quantidades, essas “singelas anotações” mostraram uma realidade que o status quo sempre quis ocultar, que é o valor do trabalho dessas mulheres. A metodologia das Cadernetas Agroecológicas, criada pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata de Minas Gerais (CTA-ZM) e colocada à disposição de todos os movimentos rurais – e que agora vem sendo elogiada por instituições internacio- nais, como a FAO e o FIDA – é uma ferramenta que, apropriada por essas mulheres, permite que se visibilize não apenas o volume e o valor monetário dessa produção, mas muito, muito mais. Tendo como base teórica a Economia Feminista, as Cader- netas permitem evidenciar que o trabalho das mulheres rurais é fundamental para a alimentação das famílias e também para a sustentação do conjunto da economia; dialogando com os Ecofeminismos, mostram como essa produção é imprescindível para o manejo adequado do ambiente, através da preservação da biodiversidade, dos serviços ecossistêmicos e da adaptação às mudanças climáticas; por outro lado, são a base para a recons- trução de relações harmoniosas entre as pessoas, recuperando outro tipo de economia, baseada no apoio mútuo, corroborando os preceitos da Economia Solidária. Os resultados obtidos com a aplicação das Cadernetas, apre- sentados neste livro, também permitem questionar os modelos de desenvolvimento rural existentes e propor outros tipos de políticas públicas, em que as mulheres sejam reconhecidas auto- nomamente como pessoas e cidadãs, e não subsumidas em uma categoria estereotipada de membros “subordinados” da família, chefiadas por um homem. As Cadernetas Agroecológicas estão aí para mostrar o que muitos não querem ver – o valor dessas mulheres – e, ao fazer isso, são um instrumento de mobilização e de reafirmação do seu protagonismo nas experiências agroecológicas. Esse exercício de reescrita da história, feito por muitas mãos, mentes e corações, está apenas começando. Vida longa às Cader- netas Agroecológicas! |
URI: | https://bibliotecasemiaridos.ufv.br/jspui/handle/123456789/395 |
ISBN: | 978-65-995599-6-9 |
Aparece nas coleções: | Sociedade, Educação e Saúde |
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