Um novo retrato da agricultura familiar do estado de Sergipe: a partir dos dados do Censo Agropecuário 2017

Abstract

Esta publicação denominada “Um novo retrato da Agricultura Familiar do estado de Sergipe” é uma valiosa contribuição para todas as instituições governamentais e não governamentais que planejam e atuam no desenvolvimento do setor agropecuário sergipano. Resultado de profícuo esforço do Projeto AKSAAM - Adaptando Conhecimento para a Agricultura Sustentável e o Acesso a Mercados – IPPDS/UFV com financiamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), este trabalho revela um cenário significativo no qual 77,3% dos estabelecimentos rurais são de agricultores familiares em Sergipe, ocupando 46,6% da área total explorada pela atividade agropecuária. E mais, que estes estabelecimentos se notabilizam, entre outras coisas, pelo total de 73,13% das pessoas ocupadas nos estabelecimentos agropecuários e por serem os principais responsáveis pela produção dos alimentos disponibilizados para consumo da população. Utilizou-se dos dados do Censo Agropecuário de 2006 e de 2017 do IBGE, a publicação traz importantes comparativos entre as duas pesquisas. Confirma, por exemplo, a pecuária e/ ou a criação de outros animais como a principal atividade econômica ocupando 72% da área total dos estabelecimentos dos agricultores familiares de Sergipe, enquanto que as lavouras temporárias abrangendo 19,1% da área e as lavouras permanentes ocupando 6,1% da área. Os dados mostram variação positiva (↑29,6%) na proporção de estabelecimentos com horticultura e floricultura, (↑230,5%); na proporção de estabelecimentos com pesca (↑15,9%) e na proporção de estabelecimentos com aquicultura. No comparativo entre as duas pesquisas, a publicação demonstra crescimento de 91% no número de estabelecimentos com algum recurso hídrico; aumento de 131,5% na proporção de estabelecimentos da Agricultura Familiar que faz uso de algum sistema de irrigação; aumento no uso de maquinários como plantadeiras, adubadeiras e colheitadeiras. Outro dado que chama a atenção é o que, apesar de os homens serem maioria (75,%) houve um aumento (17,2%) na proporção de estabelecimentos dirigidos por mulheres. Por outro lado, a publicação mostra que há muito a ser feito. Nos 11 anos de diferença entre as pesquisas do IBGE, houve redução (↓14,7%) na proporção de estabelecimentos com lavoura temporária; (↓37,0%) na proporção de estabelecimentos com lavoura permanente; (↓77,3%) na proporção de estabelecimentos com florestas plantadas. Os dados chamam a atenção para o fato de que é necessário ampliar os serviços de assistência técnica e possibilidades de crédito. Há ainda grandes desafios para a sustentação e o fortalecimento da agricultura familiar, sendo necessário ampliar as políticas já existentes que buscam estimular o planejamento da sucessão familiar e a fixação dos jovens no campo, visto que, segundo dados do Censo Agropecuário de 2017, 61,4% dos estabelecimentos de Sergipe são dirigidos por pessoas entre 35 e 65 anos. Esta sistematização destaca, ainda, os investimentos realizados pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola em parceria com o Governo e Sergipe implementou o Projeto Dom Távora (PDT) que auxilia a população economicamente vulnerável que reside na região rural semiárida do Estado. Os impactos desta ação provavelmente serão percebidos em futuras pesquisas do Censo Agropecuário visto que efetivos investimentos foram realizados a partir do ano 2016. A expectativa é de que esta publicação, com um bem construído panorama da Agricultura Familiar, sirva de instrumento no planejamento e implementação de políticas capazes de promover o desenvolvimento de longo prazo em Sergipe. Que contribua para estimular o potencial das propriedades familiares nas mesorregiões do estado, integrando e valorizando suas características culturais, sociais, econômicas e ambientais. Esperamos bom aproveitamento.